terça-feira, 4 de setembro de 2007

De “experiências”, “definitivas” e “realidades”...

Estive pensando. Estive numa crise insólita, tentando organizar a minha experiência numa linearidade compreensível.
Não consegui.
Por que será que as palavras me fogem quando eu mais preciso delas? Não, não... não consegui fechar o vão que estava na minha cabeça gritando por uma oportunidade única de expressar o conteúdo enigmático dos meus anseios.
(dessa vez não choro, sei que tenho uma felicidade quase insuportável por sentir-me amado, então resisto).
O sol quente da cidade natal aumenta ainda mais a sensação de fragilidade da pele. Pele que grita por uma possibilidade de expressão. (Que bonito: a expressão da pele!).
“Como um solo num palco de ópera, ouve minha voz... vindo... ouve! Ouve bem... ouve...!”.
De repente vem uma vontade louca de falar e/ou escrever tudo aquilo que penso... tudo aquilo que sou. A força da inspiração bate do lado de dentro do peito e fico assim, ardendo as palavras como se fossem brasas caindo das minhas mãos. A brisa leve e doce da expressão bate no meu rosto e escorre pelo meu corpo trazendo a sensação de liberdade temporária...
Quando é que a vida vai ser feita de liberdade definitiva?
Penso e repenso na possibilidade do “definitivo”... Nada.
Tudo é provisório... definitivo, definitivo mesmo no sentido literal da palavra é só a morte. Então me decido: eu não quero ser definitivo.
Quero ser provisório, temporário, atemporal se possível... quero uma liberdade cravada em vento, movida à água e perecível ao “definitivo”. Eita vida maluca que insiste em nos ensinar que ela vale a pena.
Então eu grito... clamo por sentimentos ainda não nomeados e fabricados pela minha mente feita de éter e sonho. Da boca do estômago surge a pancada necessária pra me fazer voltar os pés ao chão: eu vivo uma realidade inventada (por mim?).